segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Carta Pastoral - Marçonaria


TOMEI A LIBERDADE DE REPRODUZIR ESTA CARTA DAS ORGANIZAÇÕES METODISTA NO BRASIL POR, SE POSICIONAREM DIANTE DE TAL FATO ASSUMINDO O QUE MUITAS ORGANIZAÇÕES PREFEREM MANTER EM SECRETO. ( A Deus toda Honra e Toda Glória) -Odem de Almeida Santos

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Maçonaria



Carta Pastoral do Colégio Episcopal da Igreja Metodista



Edição Revisada - 2008



Sumário



Apresentação ............................................................................. Página 2



I - Introdução ............................................................................. Página 2



II - A Igreja em missão ............................................................................. Página 3



III - A Maçonaria ............................................................................. Página 4



IV - A Igreja e a Maçonaria ............................................................................. Página 4



V - Orientações ao povo metodista



sobre o relacionamento com a

Maçonaria e outras sociedades



secretas. ............................................................................. Página 8



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Apresentação



O Colégio Episcopal da Igreja Metodista tem como competência canônica orientar a Igreja quanto à doutrina e aos princípios de fé e ética, e zelar pela unidade cristã. Tendo em vista a incumbência recebida do XVI
Concílio Geral, de elaborar e oferecer aos metodistas orientação sobre o relacionamento com a Maçonaria,
coloca nas mãos do povo chamado metodista esta Carta Pastoral.
Como tudo em nossa Igreja deve ser feito visando a Missão, esta Carta deve ser vista a partir da perspectiva missionária. A apresentação do seu conteúdo foi feita de forma a orientar a família metodista e, ao mesmo tempo, enfocar sua tarefa missionária. Esta Pastoral é um texto sobre os metodistas e sua missão, sua relação com a Maçonaria e, finalmente, algumas recomendações.
Este documento procura esclarecer, responsabilizar e orientar. Nós, Bispos da Igreja Metodista, esperamos
que o presente documento venha ajudar a todos os irmãos e irmãs, clérigos/as ou leigos/as, a buscar a  sabedoria de Deus, fortalecendo-se para cumprir com êxito a gloriosa missão de ser sal da terra e luz do mundo.
É uma Carta Pastoral. Não se trata de um documento inibidor, proibitivo, tampouco de incentivo.

I - Introdução

O princípio básico ensinado pelo Senhor Jesus continua em vigor: buscar o Reino de Deus em primeiro lugar (Mt 6.33). Assim, todos/as os/as metodistas, crendo em Cristo como seu Salvador e estudando a Palavra de Deus constantemente, devem participar comprometida e responsavelmente do trabalho em suas igrejas para a expansão do Reino e produzir atos de piedade e obras de misericórdia, sempre na comunhão com os demais membros da igreja.
Sabemos que os metodistas, através da presença em todos os ambientes, tornam-se conhecidos das associações filantrópicas, culturais, sociais, políticas e filosóficas que trabalham para o progresso e a melhoria da qualidade de vida humana. Assim como no desempenho de nossa missão evangélica, social e educacional, convidamos pessoas de todas as classes a aceitar o Evangelho,membros de outras instituições convidam evangélicos a participar de suas reuniões e projetos.
Necessitamos de sabedoria e ousadia para cumprir cabalmente nossos ministérios com firmeza, amor, equilíbrio, sem medo e com bom senso. Entretanto, é necessário que observemos o modo de vida do povo com quem vamos nos relacionar, dando apoio aos que exercem diaconia, na igreja e fora dela.
Uma das riquezas do metodismo está no fato de ter adotado, desde cedo, um princípio que ajuda
muito a nortear a vida e os relacionamentos dos seus membros entre si e na sociedade em geral: no
essencial a unidade; no não-essencial, a liberdade; em tudo, a caridade (o amor). Temos de manter
o mesmo pensamento e a mesma postura com respeito aos pontos doutrinários básicos da fé cristã
(Ef 4.1-4). E a nós foi dada a liberdade para pensar e agir de maneiras diferentes uns dos outros nos
pontos secundários, isto é, naquilo que não é fundamental para a salvação. O mais importante é que, em todos os pontos, sejamos amorosos (Rm 12.9-10), acolhendo (Rm 15.7), tratando bem, suportando e ajudando uns aos outros (Cl3.12-15). Seguindo esta prática, a nossa tradição protestante e metodista tem considerado a participação pessoal do membro da igreja em trabalhos de outras associações somente naquilo que não fere o seu compromisso com o Evangelho.

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II - A Igreja em missão



Deus constituiu seu povo para ser uma bênção para todas as nações da terra (Gn 3.1-3). A Igreja, que nasceu no ambiente israelita, por intermédio da pessoa e obra de Jesus, também tem essa missão de transmitir ao mundo a bênção do Pai Celestial (Mt 28.18-20). Como membros da Igreja, que é o corpo de Cristo, somos chamados a comunicar a sua mensagem em todas as direções (Atos

1.8).
Nesse movimento de ir e pregar, de ensinar e agir em nome de Jesus na terra, os discípulos se relacionam com muitas pessoas e muitos grupos. Nessa caminhada, podem surgir questões sobre com quem podemos colaborar e de quem é lícito aceitar cooperação. As iniciativas humanas são muitas, a cada dia surgem novas maneiras de trabalhar, as escalas de valores são variadas, as intenções e finalidades são também diversificadas. Algumas organizações são efêmeras e locais, outras conseguem se tornar mais duradouras e universais. Os grupos e associações se formam quase sempre com objetivos nobres, afirmando visar o bem-estar coletivo, a melhoria de vida e o aperfeiçoamento do ser humano.
Os cristãos convictos têm a consciência de pertencer a uma corporação divina e humana, mantêm a dimensão vertical da vida em relacionamento íntimo com Deus, e a dimensão horizontal, no serviço ao próximo em nome do Senhor. Como divina, a Igreja é eterna e como humana é instituição temporal, militante e local. Os motivos para a Igreja agir são divinos. O palco dessa ação é a sociedade na qual homens e mulheres sofrem pressões de todos os lados e carecem da graça de Deus, mas também são capazes de investir e construir, plantar e colher, pensar e elaborar projetos.São pessoas que, de muitas maneiras, empregam seus recursos e seus conhecimentos em atividades proveitosas, com visão altruísta, perspectiva avançada e chegam a produzir resultados satisfatórios.Precisamos, portanto, ter discernimento e serenidade, prudência e simplicidade, sabedoria de Deus e preparação pessoal em nossas atitudes cristãs. A Igreja vive como sociedade alternativa em meio à sociedade maior que a cerca e como seus membros pertencemos a ambas. Estamos em missão e dependemos constantemente da iluminação do Espírito Santo e do estudo das Escrituras para saber onde, quando, como e com quem trabalhar, na qualidade de procuradores do Senhor, até que Ele venha.
A Igreja Metodista "cumpre a sua missão realizando o culto de Deus, pregando a sua Palavra, ministrando os sacramentos, promovendo a fraternidade e a disciplina cristãs e proporcionando a seus membros meios para alcançarem uma experiência cristã progressiva, visando ao desempenho de seu testemunho e serviço no mundo" (Art. 3° da Constituição da Igreja Metodista).
A Igreja Metodista "adota os princípios de fé aceitos pelo Metodismo Universal, os quais têm por fundamento as Sagradas Escrituras do Antigo e Novo Testamentos, testemunho escrito da revelação
divina, dado por homens movidos pelo Espírito Santo, as quais contêm tudo quanto é necessário para
a salvação e são suficiente regra de fé e pratica para os cristãos" (Art. 4° da Constituição da Igreja

Metodista).



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III - A Maçonaria



Considerando a natureza da Instituição Maçônica, fica evidente a dificuldade em elaborar um documento a partir de literatura conhecida. Há uma grande variedade de afirmações sobre a
Maçonaria. Há radicalismos em todas as direções, seja a favor dessa instituição ou contra ela. Servimo-nos, assim, das informações advindas de maçons de reconhecida fidelidade e dedicação à causa metodista e de alguns valiosos documentos ao alcance.
Documentos oficiais declaram que a Maçonaria não é religião, nem prega credo religioso algum.
Segundo esses documentos, trata-se de uma instituição eminentemente filantrópica, filosófica e social, tendo como sua divisa liberdade, igualdade, fraternidade para o bem do indivíduo, da família, da sociedade, da pátria e da humanidade em geral.
Há documentos históricos afirmando que os maçons constituíram a força principal para a proclamação da Independência e também da República. Promoveram a separação entre a Igreja e o
Estado; a extinção da escravidão; a instituição do registro civil de nascimento, casamento e óbito; a criação de escolas gratuitas de ensino fundamental para crianças e adultos; a instituição do direito dos não-católicos sepultarem seus mortos nos cemitérios e outros direitos civis. Organizaram-se de forma eficaz e romperam assim com os poderes autoritários religiosos e seculares, garantindo a liberdade para todas as pessoas. Ainda hoje continuam atuando no campo da ação comunitária, cultural e educativa, de maneira discreta e dentro de sua filosofia humanitária.
No entanto, em que pesem as afirmações dos documentos maçons, observa-se que a Maçonaria desenvolve ritos religiosos e cerimônias de cunho religioso, caracterizando-se como um grupo que professa celebrações eminentemente religiosas, tais como rito de iniciação, votos religiosos e outras atividades litúrgicas como, por exemplo, ofícios fúnebres, adoção de crianças (lowton), confirmação de casamento, doutrinação de jovens. Além disto, as Lojas Maçônicas usam' templos com altar e outros utensílios específicos para a realização de cerimônias religiosas cujas lojas são profundamente inspiradas no templo de Salomão, templos Assírios, Egípcios e Cristãos da Idade Média. Nessa direção, encontramos literatura produzida por autores maçons que fazem afirmações no sentido de a Maçonaria ser uma religião e como tal exigem profissão de fé e conversão para ser maçon com exigência de silêncio e fidelidade absoluta a seus princípios (LANDMARKS) na escala de graus.

IV - A Igreja e a Maçonaria


A Igreja Metodista sempre manteve relações cordiais e respeitosas e nunca negou os serviços prestados pela maçonaria ao povo em geral. Nossos membros maçons, em sua maioria, souberam manter as boas relações, dando e recebendo colaboração. Não há hostilidade. Em certas épocas da história, parte do clero romano foi quem viu razões para se manifestar contra e perseguir os maçons, os judeus e os protestantes. O desejável é continuar com serenidade a tarefa cristã, segundo a recomendação do apóstolo: "cada um veja como edifica" (1 Co 3.10-13), pois prestará conta de seus atos. O/a crente metodista deve ser produtivo/a em todo o tempo e fiel até o fim a sua profissão de fé, ciente de que cabe a Deus a avaliação das nossas realizações. O/a metodista, entretanto, deve cuidar para que seus relacionamentos, quaisquer que sejam,
não venham impedir o desempenho do ministério, conforme os dons que recebeu, e negar sua experiência cristã e fé, através declarações ou ações. A Igreja é divina e humana, e precisa ser uma comunhão de santos que se respeitem mutuamente e cooperem para o crescimento do Reino, na multiforme graça (1 Pd 4.10) e na diversidade de formas de atuação (Rm 12.4-8; 1 Co 12.4). Em todos os locais, articulados com outros grupos ou não, os metodistas são chamados a somar, a

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ajudar, a dar o sabor, a exalar o perfume de Cristo (2 Co 2.15). Não somos do mundo, mas estamos no mundo (]o 17.15s).
Há uma polêmica em relação à Maçonaria pontuada em dois aspectos, pelo menos: 1) o ritualismo
religioso que a identifica como uma seita religiosa; e 2) votos secretos e seus códigos que não podem ser revelados em hipótese alguma. Para nós, esses dois aspectos ferem a tradição bíblica, teológica e doutrinária da Igreja Evangélica. Na Pastoral sobre o Ecumenismo (outubro 99), afirmamos o seguinte: "Não é aceitável para nós celebrações com grupos religiosos que não sejam reconhecidamente da tradição cristã" e "nossa vocação ecumênica nos leva a ter uma atitude de respeito e amor para com outras tradições religiosas. Esse respeito - que necessariamente também se estende aos membros da nossa própria comunidade - tem que ser ainda mais evidente quando nos reunimos para louvar a Deus e celebrar a nossa unidade em Jesus Cristo. Outrossim, reafirmamos a nossa disposição em dialogar com outras expressões de fé, principalmente no que diz respeito aos grandes desafios da luta pela justiça, paz e integridade de criação".
Estas orientações da Pastoral sobre o Ecumenismo servem para o relacionamento com a Maçonaria. Os membros da Igreja Metodista que ainda permanecem maçom devem discernir sobre os possíveis ritos religiosos que venham a ser praticados no contexto da Maçonaria e ir em busca de orientação pastoral afim de verificar se encontram fundamentação nas nossas tradições bíblicas e cristãs. As informações que circulam a favor e contra a Maçonaria são suficientes para se criar por esta carta o pastoreio dos metodistas, principalmente em face do Art. 8, § 2º da Seção I dos Cânones de 2007, que estabelece uma legislação sobre o assunto. É recomendado um exame pessoal e crítico dos ritos e compromissos assumidos pela filiação a essa sociedade secreta e outras, evitando que, em qualquer situação, sejam negados os votos assumidos com o Reino de Deus e com a Igreja, Corpo Vivo de Cristo. O apóstolo Paulo orienta aos tessalonicenses que julguem todas as coisas e retenham o que é bom (1 Ts 5.21) e recomenda que a igreja se abstenha das aparências do mal (1 Ts 5.22).
Esta recomendação é válida para ser aplicada em relação aos demais grupos e associações existentes no país ou que venham a ser criadas.Há outras sociedades chamadas secretas no Brasil e no mundo. Não há como nominar todas elas, pois se pode incorrer no erro de identificar associações que não se caracterizam como sociedades secretas e deixar fora outras que têm essa característica. O importante é a análise crítica das instituições antes de assumir compromissos de qualquer ordem.
Portanto, nesta Carta Pastoral, enfatizamos o equilíbrio para viver o cotidiano e a atitude de compreensão em todos os relacionamentos. Assim recomendaram os apóstolos. Eles mesmos deram o bom exemplo. Não gastaram tempo em discussões sobre questões menores, que devem ser resolvidas pelo cristão diligente e conhecedor das Sagradas Escrituras. Orientações neste sentido estão presentes nas cartas pastorais (1 Tm 6.20; Tt 1.14). Os apóstolos foram combativos, isto sim, na proclamação, no ensino e no testemunho em todos os lugares possíveis. E zelaram por esclarecer pontos doutrinários em que pessoas com idéias contrárias à doutrina dos apóstolos tentavam interferir com suas opiniões, causando confusão nas igrejas.



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V - Orientações ao povo metodista sobre o relacionamento com a Maçonaria e outras



sociedades secretas



1. Sociedades Secretas e de Associações Religiosas que não professem os princípios de fé aceitos pelo Metodismo Universal, tampouco recomenda que os membros da Igreja Metodista façam votos nessas sociedades secretas que venham a ser uma negação da sua experiência e doutrinas básicas da fé cristã.
O Colégio Episcopal não recomenda que membros da Igreja Metodista participem de

2. sociedade chamada secreta devem observar os compromissos a serem assumidos e verificar sua fundamentação bíblica, teológica e doutrinária. Os pastores e as pastoras devem estar àdisposição para ajudar nesse discernimento. Membros da Igreja Metodista que sejam convidados/as a participar da Maçonaria ou outra

3. compreensão da Igreja, sem que outros maçons sejam ridicularizados ou discriminados.Membros da Igreja Metodista que desejam afastar-se da Maçonaria deverão ter o apoio e a

4.
ambiente reservado e sigiloso do gabinete pastoral.Orientações e aconselhamentos sobre o assunto devem ser feitos, preferencialmente, no

5. participação na Igreja e seus órgãos, no entanto, estes não devem exercer qualquer ação discipuladora sobre metodistas não maçons. A tolerância deve marcar nossos relacionamentos.
Não deve haver cerceamento da liberdade aos membros filiados à Maçonaria para a

6. a fé, a paz e a justiça social, sem ferir seus votos como membros da Igreja e sem negar os princípios do Evangelho de Jesus Cristo.
O Colégio Episcopal incentiva a participação dos/as metodistas em instituições que promovam

7.causa deste Reino renunciamos, santificamos nossas vidas, perdoamos, amamos e cultivamos a unidade e a tolerância.

Nossa esperança e oração é que não somente os metodistas, mas todos os evangélicos aprofundem cada vez mais sua sensibilidade, tendo sempre presente na mente e no coração o desafio da Palavra de Deus: "Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas



cousas vos serão acrescentadas" (Mt 6.33).



São Paulo, 22 de agosto de 2008.



O Colégio Episcopal reafirma que o Reino de Deus é prioridade para todos os metodistas. Por

Bispo João Carlos Lopes



Presidente do Colégio Episcopal



Bispo Adonias Pereira do Lago



Secretário do Colégio Episcopal



TOMEI A LIBERDADE DE REPRODUZIR ESTA CARTA DAS ORGANIZAÇÕES METODISTA NO BRASIL POR, SE POSICIONAREM DIANTE DE TAL FATO ASSUMINDO O QUE MUITAS ORGANIZAÇÕES PREFEREM MANTER EM SECRETO. ( A Deus toda Honra e Toda Glória) -Odem de Almeida Santos









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As 95 Teses de Martinho Lutero

As 95 Teses de Martinho Lutero








A “Disputa do Doutor Martinho Lutero sobre o Poder e Eficácia das Indulgências”, conhecida como as 95 Teses, desafiou os ensinamentos da Igreja na natureza da penitência, a autoridade do papa e da utilidade das indulgências. As 95 teses impulsionaram o debate teológico que acabou por resultar no nascimento das tradições luteranas, reformadas e anabatistas dentro do cristianismo. Este documento é considerado por muitos como um marco da Reforma Protestante.



A ação de Lutero foi em grande parte uma resposta à venda de indulgências por João Tetzel, um frade dominicano, delegado do Arcebispo de Mainz e do papa. O objetivo desta campanha de angariação de fundos foi o financiamento da Basílica de S. Pedro em Roma.Mesmo apesar de o príncipe-eleitor (soberano) de Lutero, Frederico, o Sábio, e o príncipe do território vizinho, o duque Georg da Saxónia terem proibido a venda de indulgências em seu território, muitas pessoas viajaram para as poder adquirir. Quando estas pessoas vieram confessar-se, apresentaram a indulgência, afirmando que não mais necessitavam de penitenciar pelos seus pecados, uma vez que o documento os perdoava de todos os pecados.



Lutero afixou as 95 teses na porta da igreja castelo em Wittenberg, Alemanha, a 31 de Outubro de 1517. Alguns académicos questionaram a veracidade desta noção, notando que não existem relatos de contemporâneos para ela. Outros afirmaram que não houve necessidade de tais relatos pois esta acção era nos dias de Lutero o modo comum de anunciar eventos nas universidades do tempo. As portas de igrejas funcionavam na altura como os placares informativos funcionam hoje nos campus universitários. Outros ainda sugeriram que as 95 teses podem muito bem ter sido afixadas em Novembro de 1517. A maioria é unânime pelo menos em que Lutero terá remetido estas teses por correio ao Arcebispo de Mainz, ao papa, a amigos e a outras universidades nessa data, então historiadores como Gottfried Fitzer, Erwin Iserloh e Klemens Houselmann, contestatam essa versão e disseram que não houve de fato a fixação das 95 teses em Wittemberg. Do relato de Johannes Schneider, um criado de Lutero, é que se extraiu a notícia da afixação das teses. Escreveu apenas: “No ano de 1517, Lutero apresentou em Wittenberg, sobre o EIba, segundo a antiga tradição da universidade, certas sentenças para discussão, porém modestamente e sem haver desejado insultar ou ofender alguém”. Então alguns concluem que não houve esse evento.



Segundo a tradição luterana que celebra a persona Lutero (1483-1546), as “95 Teses” foram afixadas na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg em 31 de outubro de 1517. Se este ato, recorrentemente celebrado como fundador da Reforma Luterana, realmente aconteceu, não teria, em si mesmo, nada de excepcional: na verdade, isso era um modo costumeiro de se anunciar uma “disputa” ou “justa teológica” entre os doutos de Wittenberg. Portanto, não se tratava de uma ação que deveria ter uma conotação individual, visto que as disputas eram debates que envolviam professores e estudantes. Isso explica o fato de Lutero pedir para aqueles que não pudessem se fazer presentes à disputa que, ao menos, enviassem as suas opiniões por escrito para serem lidas. Afinal, segundo as regras da eloqüência, as “teses” deveriam ser vistas como “pontos a serem debatidos” em uma plenária de doutos.



Nesse sentido, trata-se de um ato público envolvendo doutos e/ou seus estudantes, como demonstra o fato de as teses terem sido escritas originalmente em latim e não em alemão (língua familiar de Lutero). Observa-se também que o tom irônico e uma certa preocupação com a métrica e a rima fazem parte do ritual de “belo discurso” (arte da retórica) – conhecimento obrigatório nas universidades de teologia e direito da época de Lutero. Portanto, ao lançar as suas “95 Teses”, Lutero tornava públicas (mas não populares) as suas idéias, com a finalidade de expor a doutos algumas questões que o incomodavam a respeito das “vendas de perdão/indulgências”, cujas contradições práticas e doutrinais, somadas à corrupção de determinados setores do clero, eram vistas por ele como uma ameaça à credibilidade da fé cristã e da Igreja de Roma. Isso significa que, ao tornar públicas as suas teses, Lutero esperava receber o apoio do papa, em vez de sua censura. No entanto, depois de novas disputas teológicas, desta vez com agentes enviados pelo Papa Leão X (1475-1521; pontificado: 1513-1521), foi redigida contra Lutero uma carta de excomunhão datada em 21 de janeiro de 1521, que ele receberia meses depois.



Entre 1517 e 1521, Lutero fora submetido a algumas disputas teológicas – e quase metade de suas teses foi refutada pelos doutos do papa. Aos poucos, a situação fugiu dos muros da universidade, e muitas idéias de Lutero foram convenientemente distorcidas por membros da nobreza alemã, que utilizaram a “desculpa da fé” para tomar bens e terras de famílias inimigas e da própria Igreja. Imprevisivelmente, toda esta situação foi consolidando uma atmosfera de cisma religioso na Europa que estava longe das intenções de Lutero. Portanto, deve-se entender que a ação de Lutero misturou-se involuntariamente com interesses políticos e com outras tendências do debate teológico e da cultura religiosa que remontavam ao século XIII.



Ora, isso nos possibilita entender por que Lutero manifestou-se tanto contra as revoltas camponesas (marcadamente “anabatistas”) quanto contra os nobres que mesclavam seus interesses mundanos com o debate teológico que ele suscitara. Além disso, não se deve perder de vista que Lutero estava historicamente inscrito no universo sociocultural do Antigo Regime e, portanto, era muito cioso das hierarquias sociais. Por isso mesmo, criticava a nobreza e parte do clero por não darem “bom exemplo” ao explorarem os camponeses com tributações extraordinárias, pois isso apenas servia, segundo a sua opinião, para alimentar novas circunstâncias de revoltas sociais. Assim, não é paradoxal que, em 1520, ele tenha escrito o seu “Apelo à Nobreza Germânica” e, em 1525, no contexto das guerras camponesas, tenha escrito “Sobre a Autoridade Secular”, admoestando ambos os estamentos por criarem situações de instabilidade política e social.



Nestes dois escritos, Lutero define claramente o caracter secular da autoridade política como chave para se manterem equilibrados os direitos e responsabilidades que justificavam as hierarquias sociais tradicionais. Portanto, frente a um mundo que se apresentava instável e inseguro, Lutero apelava para dispositivos tradicionais como meios de restauração da segurança no mundo, mas com uma novidade doutrinal que jamais foi praticada plenamente em parte nenhuma da Europa do Antigo Regime: uma década antes de ceder ao pragmatismo dos príncipes protestantes da Liga de Smalkalde (1531-1547), quando então ratificou o princípio “cujus regio, ejus religio”, Lutero afirmava que era Deus que deveria julgar a fé individual e, portanto, nenhuma autoridade política deveria, em nome dela, causar perdas de vida e de bens entre seus súditos.



Por fim, valeria fazer uma última indagação: Se a ação de Lutero de lançar as suas teses em 1517 não teria nada de excepcional, por que posteriormente isso foi celebrado em muitos livros didáticos de história com uma certa conotação de heroicidade ou excepcionalidade?



Em primeiro lugar, porque os desdobramentos não necessariamente luteranos de uma fé reformada ganharam avultado corpo e agentes sociais nas décadas que se seguiram a Lutero. Sem isso, não há quem celebre ou crie memória social em torno de determinado evento como “marco fundador”. Em todo caso, foi ao final do século XVII, contexto da expansão militar de Luís XIV (que revogou o Édito de Nantes em 1685) na Europa Central, que se começou a celebrar nos meios protestantes o “dia de lançamento das 95 Teses de Lutero” como um marco histórico de ruptura com Roma.



Em segundo lugar, desde meados do século XVIII, várias idéias de outros escritos de Lutero foram lidos numa chave interpretativa iluminista de progresso cultural, particularmente as implicações sociais e institucionais de sua percepção de que a fé ou a consciência religiosa não deveria ser matéria dos príncipes. Aliás, vale lembrar que Immanuel Kant (1724-1804) está inscrito na tradição luterana quando escreve o artigo “O que é Esclarecimento?”(1784), no qual define um nexo causal entre secularização, tolerância religiosa e progresso cultural.



Em terceiro lugar, é bastante significativo lembrarmos que, no último terço do século XIX, políticos e intelectuais – bem antes da sociologia de Max Weber – começaram a estabelecer um nexo causal entre “protestantismo”, “progresso capitalista” e “expansão colonial moderna”, de modo a explicar e justificar a emergência imperial da Grã-Bretanha e da Prússia em face à “decadência ibérica” e à “derrocada napoleônica”.



Cronologia:



1483: 10 de novembro: Nasce Lutero.



1509: Henrique VIII(1491-1547) torna-se rei da Inglaterra. Nasce João Calvino em 10 de julho.



1517, 31 de outubro: Lutero fixa as suas “95 Teses” na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg.



1518: Lutero recusa-se a retratar-se perante o papa Leão X(1475-1521; pontificado: 1513-1521).



1520, junho: Leão X condena 41 proposições de Lutero.



1521, 21 de janeiro: Leão X excomunga Lutero, mas levam vários meses até a ordem de excomunhão chegar à Alemanha.



1522: Lutero publica a sua advertência contra os distúrbios e publica a tradução do grego para o alemão do Novo Testamento, com gravuras de Lucas Cranach (1472-1553).



1523: Lutero publica texto que fala do direito de a comunidade de fiéis julgar toda a doutrina e nomear e demitir clérigos.



1524-1525: Revolta camponesa liderada por Thomas Müntzer (1490-1525).



1525: Lutero publica texto contra os “profetas sagrados” e contra as “revoltas camponesas”.



1528: Mandato imperial ameaça de morte os anabatistas.



1530: Carlos V (1500-1558) – rei de Espanha desde 1516 e eleito imperador Habsburgo desde 1519 – fracassa em impor uma ortodoxia religiosa ao império.



1534: Ruptura de Henrique VIII da Inglaterra com Roma, supressão dos monastérios e concessão de permissão para os padres se casarem. Na Alemanha, Lutero publica a tradução do hebreu para o alemão do Velho Testamento.



1534-1535: Anabatistas tomam o poder em Münster, mas seu “reino” é derrubado pela coligação de forças católicas e protestantes.



1536: Surge a primeira edição de “Instituições da Religião Cristã”, de João Calvino. Ocorre também a introdução da bíblia vernacular na Inglaterra.



1542: Calvino organiza o seu catecismo em Genebra.



1544: Calvino admoesta os anabatistas.



1545, 13 de dezembro: Começa o Concílio de Trento.



1546, 18 de fevereiro: Morre Lutero.



1547: Eduardo VI(1537-1553) assume o trono na Inglaterra e demonstra forte tendência calvinista.



1549: Eduardo VI lança o livro de pregações e pretende forçar a uniformidade religiosa em torno da fé reformada na Inglaterra.



1553: Morre Eduardo VI e sua irmã mais velha, Maria I(1516-1558), pretende o retorno da Inglaterra ao Catolicismo.



1558: Morre Carlos V da Espanha e Maria I da Inglaterra. Elizabeth (1533-1603) assume o trono da Inglaterra e tenta restaurar o anglicanismo de seu pai, Henrique VIII, o que significava evitar os extremos puritano(Eduardo VI) e católico(Maria I).



1560, Março: Fracasso de uma conspiração de jovens aristocratas huguenotes contra a Casa Católica do Duque de Guise na França. Primeiro édito de tolerância é editado.



1561, Setembro-Novembro: Colóquio de Poissy, mas fracassa a tentativa de restaurar a unidade entre huguenotes e católicos na França.



1562, março: Massacre dos huguenotes em Vassy comandada pela Casa Católica de Guise. Primeira Guerra Civil Religiosa na França.



1563: Em março, Catarina de Médicis(1519-1589; regente: 1560-1574) tenta por fim à guerra civil francesa com a assinatura da Paz de Amboise, que concede certo grau de tolerância para os huguenotes. Neste mesmo ano, encerra-se o Concílio de Trento.



1564, 27 de maio: Morre João Calvino. Théodore de Béze (1519-1605) sucede Calvino como líder da reforma protestante centrada em Genebra.



1572, 23-24 de agosto: Noite do Massacre de São Bartolomeu em Paris.



1598: Publicação do Édito de Nantes.



1685: Revogação do Édito de Nantes.



As 95 Teses de Martinho Lutero



Com um desejo ardente de trazer a verdade à luz, as seguintes teses serão defendidas em Wittenberg sob a presidência do Rev. Frei Martinho Lutero, Mestre de Artes, Mestre de Sagrada Teologia e Professor oficial da mesma. Ele, portanto, pede que todos os que não puderem estar presentes e disputar com ele verbalmente, façam-no por escrito.



Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.



Amém.



1. Ao dizer: “Fazei penitência”, etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência.



2. Esta penitência não pode ser entendida como penitência sacramental (isto é, da confissão e satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes).



3. No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria nula se, externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne.



4. Por conseqüência, a pena perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus.



5. O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão própria ou dos cânones.



6. O papa não tem o poder de perdoar culpa a não ser declarando ou confirmando que ela foi perdoada por Deus; ou, certamente, perdoados os casos que lhe são reservados. Se ele deixasse de observar essas limitações, a culpa permaneceria.



7. Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário.



8. Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto aos moribundos.



9. Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre exclui a circunstância da morte e da necessidade.



10. Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos penitências canônicas para o purgatório.



11. Essa cizânia de transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos certamente dormiam.



12. Antigamente se impunham as penas canônicas não depois, mas antes da absolvição, como verificação da verdadeira contrição.



13. Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo, por direito, isenção das mesmas.



14. Saúde ou amor imperfeito no moribundo necessariamente traz consigo grande temor, e tanto mais quanto menor for o amor.



15. Este temor e horror por si sós já bastam (para não falar de outras coisas) para produzir a pena do purgatório, uma vez que estão próximos do horror do desespero.



16. Inferno, purgatório e céu parecem diferir da mesma forma que o desespero, o semi desespero e a segurança.



17. Parece necessário, para as almas no purgatório, que o horror devesse diminuir à medida que o amor crescesse.



18. Parece não ter sido provado, nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontrem fora do estado de mérito ou de crescimento no amor.



19. Também parece não ter sido provado que as almas no purgatório estejam certas de sua bem-aventurança, ao menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza disso.



20. Portanto, por remissão plena de todas as penas, o papa não entende simplesmente todas, mas somente aquelas que ele mesmo impôs.



21. Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgências do papa.



22. Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de uma única pena que, segundo os cânones, elas deveriam ter pago nesta vida.



23. Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é, pouquíssimos.



24. Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvição da pena.



25. O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua diocese e paróquia em particular.



26. O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por meio de intercessão.



27. Pregam doutrina mundana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu].



28. Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, pode aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus.



29. E quem é que sabe se todas as almas no purgatório querem ser resgatadas, como na história contada a respeito de São Severino e São Pascoal?



30. Ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição, muito menos de haver conseguido plena remissão.



31. Tão raro como quem é penitente de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é raríssimo.



32. Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de carta de indulgência.



33. Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem as indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Ele.



34. Pois aquelas graças das indulgências se referem somente às penas de satisfação sacramental, determinadas por seres humanos.



35. Os que ensinam que a contrição não é necessária para obter redenção ou indulgência, estão pregando doutrinas incompatíveis com o cristão.



36. Qualquer cristão que está verdadeiramente contrito tem remissão plena tanto da pena como da culpa, que são suas dívidas, mesmo sem uma carta de indulgência.



37. Qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, participa de todos os benefícios de Cristo e da Igreja, que são dons de Deus, mesmo sem carta de indulgência.



38. Contudo, o perdão distribuído pelo papa não deve ser desprezado, pois – como disse – é uma declaração da remissão divina.



39. Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo exaltar simultaneamente perante o povo a liberalidade de indulgências e a verdadeira contrição.



40. A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências as afrouxa e faz odiá-las, ou pelo menos dá ocasião para tanto.



41. Deve-se pregar com muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue erroneamente como preferíveis às demais boas obras do amor.



42. Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de alguma forma, ser comparada com as obras de misericórdia.



43. Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgências.



44. Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena.



45. Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus.



46. Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com indulgência.



47. Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação.



48. Deve ensinar-se aos cristãos que, ao conceder perdões, o papa tem mais desejo (assim como tem mais necessidade) de oração devota em seu favor do que do dinheiro que se está pronto a pagar.



49. Deve-se ensinar aos cristãos que as indulgências do papa são úteis se não depositam sua confiança nelas, porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por causa delas.



50. Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.



51. Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto – como é seu dever – a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extorquem ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro.



52. Vã é a confiança na salvação por meio de cartas de indulgências, mesmo que o comissário ou até mesmo o próprio papa desse sua alma como garantia pelas mesmas.



53. São inimigos de Cristo e do Papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas.



54. Ofende-se a palavra de Deus quando, em um mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências do que a ela.



55. A atitude do Papa necessariamente é: se as indulgências (que são o menos importante) são celebradas com um toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o Evangelho (que é o mais importante) deve ser anunciado com uma centena de sinos, procissões e cerimônias.



56. Os tesouros da Igreja, a partir dos quais o papa concede as indulgências, não são suficientemente mencionados nem conhecidos entre o povo de Cristo.



57. É evidente que eles, certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos pregadores não os distribuem tão facilmente, mas apenas os ajuntam.



58. Eles tampouco são os méritos de Cristo e dos santos, pois estes sempre operam, sem o papa, a graça do ser humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser humano exterior.



59. S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra como era usada em sua época.



60. É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja, que foram proporcionadas pelo mérito de Cristo, constituem estes tesouros.



61. Pois está claro que, para a remissão das penas e dos casos especiais, o poder do papa por si só é suficiente.



62. O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.



63. Mas este tesouro é certamente o mais odiado, pois faz com que os primeiros sejam os últimos.



64. Em contrapartida, o tesouro das indulgências é certamente o mais benquisto, pois faz dos últimos os primeiros.



65. Portanto, os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam homens possuidores de riquezas.



66. Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos homens.



67. As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como as maiores graças realmente podem ser entendidas como tais, na medida em que dão boa renda.



68. Entretanto, na verdade, elas são as graças mais ínfimas em comparação com a graça de Deus e a piedade da cruz.



69. Os bispos e curas têm a obrigação de admitir com toda a reverência os comissários de indulgências apostólicas.



70. Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e atentar com ambos os ouvidos para que esses comissários não preguem os seus próprios sonhos em lugar do que lhes foi incumbidos pelo papa.



71. Seja excomungado e amaldiçoado quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas.



72. Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das palavras de um pregador de indulgências.



73. Assim como o papa, com razão, fulmina aqueles que, de qualquer forma, procuram defraudar o comércio de indulgências,



74. muito mais deseja fulminar aqueles que, a pretexto das indulgências, procuram fraudar a santa caridade e verdade.



75. A opinião de que as indulgências papais são tão eficazes a ponto de poderem absolver um homem mesmo que tivesse violentado a mãe de Deus, caso isso fosse possível, é loucura.



76. Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos pecados venais no que se refere à sua culpa.



77. A afirmação de que nem mesmo São Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia conceder maiores graças é blasfêmia contra São Pedro e o Papa.



78. Dizemos contra isto que qualquer papa, mesmo São Pedro, tem maiores graças que essas, a saber, o Evangelho, as virtudes, as graças da administração (ou da cura), etc., como está escrito em I.Coríntios XII.



79. É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa, insigneamente erguida, eqüivale à cruz de Cristo.



80. Terão que prestar contas os bispos, curas e teólogos que permitem que semelhantes sermões sejam difundidos entre o povo.



81. Essa licenciosa pregação de indulgências faz com que não seja fácil nem para os homens doutos defender a dignidade do papa contra calúnias ou questões, sem dúvida argutas, dos leigos.



82. Por exemplo: Por que o papa não esvazia o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas – o que seria a mais justa de todas as causas –, se redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da basílica – que é uma causa tão insignificante?



83. Do mesmo modo: Por que se mantêm as exéquias e os aniversários dos falecidos e por que ele não restitui ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto que já não é justo orar pelos redimidos?



84. Do mesmo modo: Que nova piedade de Deus e do papa é essa que, por causa do dinheiro, permite ao ímpio e inimigo redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, mas não a redime por causa da necessidade da mesma alma piedosa e dileta por amor gratuito?



85. Do mesmo modo: Por que os cânones penitenciais – de fato e por desuso já há muito revogados e mortos – ainda assim são redimidos com dinheiro, pela concessão de indulgências, como se ainda estivessem em pleno vigor?



86. Do mesmo modo: Por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos ricos mais crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos esta uma basílica de São Pedro, ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?



87. Do mesmo modo: O que é que o papa perdoa e concede àqueles que, pela contrição perfeita, têm direito à plena remissão e participação?



88. Do mesmo modo: Que benefício maior se poderia proporcionar à Igreja do que se o papa, assim como agora o faz uma vez, da mesma forma concedesse essas remissões e participações cem vezes ao dia a qualquer dos fiéis?



89. Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do que o dinheiro, por que suspende as cartas e indulgências, outrora já concedidas, se são igualmente eficazes?



90. Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá-los apresentando razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e fazer os cristãos infelizes.



91. Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido.



92. Portanto, fora com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo “Paz, paz!” sem que haja paz!



93. Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo “Cruz! Cruz!” sem que haja cruz!



94. Devem-se exortar os cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça, através das penas, da morte e do inferno.



95. E que confiem entrar no céu antes passando por muitas tribulações do que por meio da confiança da paz.



[em: 1517 A.D.]







Fonte:

Rodrigo Henrik

ministeriounidade.org/2009/12/12/as-95-teses-de-martinho-lutero-afixadas-na-porta-da-igreja-do-castelo-de-wittenberg



O NASCIMENTO DA IGREJA

O MINISTÉRIO DOS APÓSTOLOS






A história bíblica termina no livro de Atos, que descreve o ministério da igreja primitiva. Em Atos vemos como a mensagem concernente a Jesus - a mensagem da redenção - propagou-se de Jerusalém até Roma, centro do mundo Ocidental.

O livro de Atos mostra a expansão da igreja:

a) Em Jerusalém;

b) De Jerusalém para a Judéia, Samaria e região.

c) De Antioquia até Roma.



a) A Igreja em Jerusalém - As primeiras experiências dos discípulos de Jesus em Jerusalém revelam muita coisa acerca da igreja primitiva. O livro de Atos mostra com que zelo esses cristãos divulgaram as notícias a respeito de Jesus.

O livro inicia-se numa colina próxima a Jerusalém, onde Jesus estava prestes a ascender ao céu. Ele disse aos discípulos: "...ao descer sobre vós o ES, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra" (At 1.8). Esse era o plano de Jesus para evangelizar o mundo.

Poucos dias mais tarde os discípulos substituíram Judas, que se havia matado depois de trair a Jesus. Escolheram a Matias para completar o grupo dos doze.

Então o Cristo ressurreto deu à igreja seu ES, que capacitou os cristãos a cumprirem a tarefa de âmbito mundial (At 1.8).

Pedro falou à igreja no dia de Pentecoste, revelando a importância de Cristo como Senhor da salvação (At 2.14-40). O ES revestiu a igreja de poder para operar sinais e maravilhas que confirmavam a veracidade dessa mensagem (At 2.43). Especialmente significativa foi a cura de um mendigo operado pelos apóstolos à porta do templo ( At 3.1-10), o que colocou os apóstolos em conflito com as autoridades judaicas.

A igreja mantinha estreita comunhão entre seus membros. Compartilhavam as refeições em seus lares; também adoravam juntos e repartiam os seus bens (At 2.44-46; 4.32-34).

À medida que a igreja continuava a crescer, as autoridades governamentais começara a perseguir abertamente os cristãos. Pedro e alguns dos apóstolos foram presos, mas um anjo os libertou; convocados perante as autoridades, estas lhes deram ordens de parar com a pregação a respeito de Jesus (At 5.17-29). Os cristãos, porém, recusaram-se a obedecer; continuaram pregando, muito embora as autoridades religiosas os espancassem e os laçassem na prisão diversas vezes.

A igreja crescia com tanta rapidez que os apóstolos precisaram de auxílio em algumas questões práticas de administração eclesiástica, principalmente no atendimento às viúvas. Para a execução desta tarefa ordenaram sete diáconos.



b) De Jerusalém para toda a Judéia - A segunda fase do crescimento da igreja começou com uma violenta perseguição dos cristãos em Jerusalém. Quase todos os crentes fugiram da cidade (At 8.1). Por onde quer que fossem, os cristãos davam testemunho, e o ES usava esse testemunho a fim de conquistar outras pessoas para Cristo (At 8.3...). Por exemplo, um dos sete auxiliares, chamado Filipe, conversou com um diplomata etíope; esse homem tornou-se cristão e levou as boas novas para sua pátria ( At 8.26-39).

A esta altura a Bíblia descreve a conversão de Saulo de Tarso. Antes de converter-se, Saulo perseguia a Igreja. Ele obteve cartas das autoridades judaicas em Jerusalém que o autorizava a ir a Damasco efetuar a prisão dos cristãos ali e matá-los. No caminho, Cristo derrubou-o por terra e o desafiou. Saulo rendeu-se e assim começou uma nova vida na qual ele devia usar seu nome romano, Paulo em lugar de Saulo, o nome judaico. Paulo cheio do ES começou a pregar a respeito de Jesus na sinagoga judaica, e os dirigentes judeus o expulsaram de Damasco. Algum tempo depois (Gl 1.17-2.2), ele foi pra Jerusalém, onde estabeleceu uma relação com os apóstolos.



Devemos notar também que o ministério de Pedro, que foi especialmente marcado por milagres. Em Lida ele curou um homem chamado Enéias (At 9.32-35). Em Jope, Deus o usou para ressuscitar Dorcas (At 9.36-42). Por fim, recebeu de Deus uma visão que o convocava para Cesaréia, onde apresentou o evangelho aos gentios (At 10.9-48). Ele foi o líder máximo dos apóstolos e seu ministério reanimou o entusiasmo da igreja primitiva. Apóstolo era uma pessoa a quem Cristo havia escolhido para um treinamento especial no ministério ( Gl 1.12). Os apóstolos lançaram o alicerce da igreja mediante a pregação do evangelho de Cristo (Ef 2.20; 1Co 3.10-11; Jd 3-21). Deususou Pedro para abrir a porta da salvação aos gentios.

Neste ponto a narrativa bíblica volta-se brevemente para a expansão do evangelho entre os gentios em Antioquia (At 11.19-30). É quando lemos acerca do martírio de Tiago em Jerusalém, e de como Pedro foi miraculosamente liberto da prisão. (At 12.1-19)



c) De Antioquia até Roma - O restante do livro de Atos descreve a expansão da igreja por intermédio do Apóstolo Paulo. Barnabé levou Paulo para Antioquia (At 11.19-26). Aí o ES chamou a Barnabé e a Paulo para serem missionários, e a igreja os ordenou para essa tarefa (At 13.1-3). Eles começavam pregando numa sinagoga judaica. Por conseguinte, a igreja primitiva constituía-se, antes de tudo, de convertidos dentre os judeus e de pessoas "tementes a Deus" (gentios que adoravam com os judeus). Na primeira viagem houve um dramático confronto com o diabo quando Deus usou a Paulo para derrotar o mágico (feiticeiro) Elimas (At 13.6-12). O jovem João Marcos acompanhava a Paulo e a Barnabé, mas, de Perge, resolveu voltar a Jerusalém, fato que deve ter causado grande desapontamento a Paulo (At 15.38). No sermão que Paulo proferiu na sinagoga em Antioquia da Pisídia (At 13.16-41) ele faz um resumo da história da redenção, acentuando seu cumprimento em Jesus. Ele declarou: crer em Cristo é o único meio de libertar-se do pecado e da morte (At 13.38,39).

Em listra, judeus hostis instigaram as multidões de sorte que Paulo foi apedrejado e dado por morto (At 14.8-19). A viagem terminou com Paulo e Barnabé voltando a Antioquia, onde relataram tudo quanto Deus havia feito por intermédio deles, e como a fé se espalhara entre os gentios (At 14.26-28).

Mais tarde, surgiu na igreja uma séria desinteligência. Alguns cristãos argumentavam que os gentios convertidos tinha de observar as leis do AT, de modo especial a da circuncisão. O problema foi levado perante o concílio da igreja de Antioquia e de Jerusalém. Deus dirigiu esse concílio (reunido em Jerusalém) para declarar que os gentios não tinham de guarda a Lei a fim de serem salvos. Mas instruíram aos novos conversos a que se abstivessem de comer coisas sacrificadas aos ídolos, sangue e animais sufocados (At 15.1-29), para não escandalizarem os judeus. O concílio enviou uma carta a Antioquia; a igreja leu-a e a aceitou com sendo a vontade de Deus.

Não demorou muito, Paulo resolveu visitar todas as igrejas que ele e Barnabé haviam estabelecido na primeira viagem missionária. E assim teve início a segunda viagem missionária (At 15.40-41), desta vez em companhia de Silas. Observe-se, especialmente, a visão que Deus deu a Paulo em Trôade, convocando-os para a Macedônia (At 16.9-10). Na Macedônia eles conduziram à fé pessoas "tementes a Deus" (gentios que criam em Deus) e também judeus.

Um dia os missionários defrontaram-se com uma jovem escrava possuída do demônio. Seus donos auferiam lucro da capacidade que tinha a jovem de adivinhar. Paulo expulsou os demônios da jovem. e ela perdeu seus poderes, por isso seus senhores prenderam-nos (At 16.19-24). Na prisão, Paulo e Silas pregaram ao carcereiro. Foram libertados de manhã e se dirigiram para Tessalônica, onde muitos se converteram sob seu ministério. A seguir foram para Beréia, onde também alcançaram grande êxito (At 17.10-12). Em Atenas, Paulo pregou um grande sermão aos filósofos na colina de Marte. A próxima parada foi Corinto, onde Paulo e seus amigos permaneceram por um ano e meio. Daqui voltaram para Antioquia, passando por Jerusalém (At 18.18-22). Todo esse tempo, Paulo e seus companheiros continuaram a pregar nas sinagogas, e enfrentaram a oposição de alguns judeus que rejeitaram o evangelho (At 18.12-17).

A terceira viagem missionária abrangeu muitas das mesmas cidades que Paulo havia visitado na segunda. Ele fez, também, uma rápida visita às igreja da Galácia e da Frígia (At 18.23).

Em Efeso ele batizou doze dos discípulos de João Batista que haviam aceitado a Cristo, os quais receberam o ES (At 19.1-7). Durante quase dois anos ele pregou na escola de Tirano (At 19.9-10).

De Éfeso, ele foi para a Macedônia e, finalmente, voltou a Filipos. Depois de uma breve estada nesta cidade, ele viajou para Trôade, onde um jovem chamado Êutico pegou no sono durante o sermão de Paulo e caiu de uma janela do terceiro andar, sendo dado por morto. Deus operou por meio de Paulo para trazer Êutico de volta à vida (At 20.7-12). Dali os missionários foram para Cesaréia, passando por Mileto. Em Cesaréia o profeta Ágabo predisse o perigo que aguardava a Paulo em Jerusalém; ali ele enfrentou dificuldades e prisão. A Bíblia registra um discurso que ele fez ali em defesa de sua fé (At 22.1-21). Finalmente, as autoridades religiosas conseguiram enviá-lo para Roma a fim de ser julgado. A caminho, o navio que o transportava naufragou na ilha de Malta. Aqui foi picado por uma cobra venenosa, mas não sofreu dano algum (At 28.7-8). Depois de passar três meses em Malta, ele e seus guardas navegaram para Roma.

O Livro de Atos encerra com as atividades de Paulo em Roma. Lemos que ele pregou aos principais judeus (At 28.17-20). Durante dois anos morou numa casa alugada, continuando a pregar às pessoas que o visitavam (At 28.30-31).

Encerra-se a história da redenção registrada na Bíblia. O Evangelho tinha sido eficazmente plantado em solo gentio, e a maioria das Epístolas havia sido escritas. A igreja estava no processo de separar-se da sinagoga judaica e tornar-se um organização distinta.



Fonte: O Mundo do Novo Testamento - Editora Vida





Testimonium FlavianumFlávio Josefo, que viveu de 37 d.C. até o ano 100, de acordo com os textos que chegaram até nós teria se referido a Jesus como o Cristo em seu livro Antiguidades Judaicas, livro 18, parágrafos 63 e 64, escrito em 93 em grego koiné:




"Havia neste tempo Jesus, um homem sábio [, se é lícito chamá-lo de homem, porque ele foi o autor de coisas admiráveis, um professor tal que fazia os homens receberem a verdade com prazer]. Ele fez seguidores tanto entre os judeus como entre os gentios.[Ele era o Cristo.] E quando Pilatos, seguindo a sugestão dos principais entre nós, condenou-o à cruz, os que o amaram no princípio não o esqueceram;[ porque ele apareceu a eles vivo novamente no terceiro dia; como os divinos profetas tinham previsto estas e milhares de outras coisas maravilhosas a respeito dele]. E a tribo dos cristãos, assim chamados por causa dele, não está extinta até hoje."



( Indicado em negrito possíveis interpolações.)



O texto original em grego koiné:



Γίνεται δὲ κατὰ τοῦτον τὸν χρόνον Ἰησοῦς σοφὸς ἀνήρ, εἴγε ἄνδρα αὐτὸν λέγειν χρή: ἦν γὰρ παραδόξων ἔργων ποιητής, διδάσκαλος ἀνθρώπων τῶν ἡδονῇ τἀληθῆ δεχομένων, καὶ πολλοὺς μὲν Ἰουδαίους, πολλοὺς δὲ καὶ τοῦ Ἑλληνικοῦ ἐπηγάγετο: ὁ χριστὸς οὗτος ἦν. καὶ αὐτὸν ἐνδείξει τῶν πρώτων ἀνδρῶν παρ᾽ ἡμῖν σταυρῷ ἐπιτετιμηκότος Πιλάτου οὐκ ἐπαύσαντο οἱ τὸ πρῶτον ἀγαπήσαντες: ἐφάνη γὰρ αὐτοῖς τρίτην ἔχων ἡμέραν πάλιν ζῶν τῶν θείων προφητῶν ταῦτά τε καὶ ἄλλα μυρία περὶ αὐτοῦ θαυμάσια εἰρηκότων. εἰς ἔτι τε νῦν τῶν Χριστιανῶν ἀπὸ τοῦδε ὠνομασμένον οὐκ ἐπέλιπε τὸ φῦλον.



[editar] Argumentos contra a autenticidade do textoNenhum autor faz alusão ao texto antes de Eusébio de Cesareia, (século IV), quando os escritos de Josefo vieram à luz através de fontes cristãs.



Muitos historiadores modernos tem argumentado que a passagem quebra a continuidade da narrativa e que são usadas palavras incomuns nos textos de Josefo, por exemplo Emilio Bossi escreve o seguinte:



"Esta passagem, ou período, está como que a esmo, em meio de um capítulo, sem conexão alguma com quanto a precede ou se lhe segue, alinhavada, por assim dizer, na descrição de um castigo militar infligido à populaça de Jerusalém e a dos amores de uma dama romana e de um homem que obtém os seus favores, fazendo-se passar, graças aos sacerdotes de Isis, por uma personificação do Deus Anúbis. Estes dois acontecimentos estão ligados pelo mesmo historiador com um outro, porque ao relatar o segundo chama-o outro acidente deplorável, de onde se depreende que esse outro acidente só pode relacionar-se com o primeiro, isto é, com a sedição popular e a repressão que se lhe seguiu."



A passagem também foi encontrada em um manuscrito da obra anterior de Josefo: A Guerra dos Judeus, contudo é óbvio que se trata de uma falsificação [carece de fontes?].



[editar] Argumentos a favor da autenticidade do textoO Testimonium Flavianum foi um texto muito respeitado até o meados do século XVII, depois disso houve muita discussão se ele seria ou não uma interpolação. Entretanto, a descoberta de novos manuscritos no século XX, tem reforçado a credibilidade do texto.



Alice Whealey, por exemplo, apresentou um manuscrito do século V que contém uma variante: "Ele era tido com sendo o Cristo" (onde, nos outros manuscritos, está "Ele era o Cristo").



A real dificuldade em se acreditar no texto reside na sua afirmação de que Jesus era o Cristo (ὁ χριστὸς οὗτος ἦν), já que Josefo era judeu e esta afirmação parece fazer de Josefo um cristão. Entretanto, após participar na rebelião contra os romanos e ver sua nação praticamente destruída talvez, apenas no momento que escrevia, ele considerava a possibilidade de Jesus ser de fato o Cristo. Quando ele escreve sobre João Batista, descreve o modo de pensar dos judeus da época sobre derrotas militares e suas causas (ver abaixo a secção João Batista).



Foi sugerido que o paragrafo quebra a continuidade da narrativa mas isto pode ser explicado pelo fato de Antiguidades Judaicas ter sido escrito por numerosos escribas.



Contestações baseadas em análise lingüística também não se mostraram conclusivas porque muitas outras passagens de Josefo contém características incomuns.



[editar] Versão árabeEm 1971, o professor Shlomo Pines publicou uma tradução de um versão diferente desta passagem, citando um manuscrito árabe do século X. Este manuscrito aparece no "Livro dos Títulos" escrito por Agapius, um cristão árabe do século X e bispo melquita de Hierápolis. Agapius parece ter citado de memória, pois até o título de Josefo é uma aproximação:



"Havia neste tempo um homem sábio chamado Jesus, e sua conduta era boa, e ele era conhecido como sendo virtuoso. E muitas pessoas entre os judeus e de outras nações se tornaram seus discípulos. Pilatus o condenou a ser crucificado e à morte. E aqueles que tinham se tornado seus discípulos não abandonaram sua lealdade a ele. Eles relataram que ele tinha aparecido para eles três dias após a crucificação, e que ele estava vivo. Eles acreditavam que ele era o Messias, a respeito de quem os profetas tinham contado maravilhas."



Pines faz referência também à versão siríaca citada por Miguel, o Sírio em seu Crônica Mundial. Alice Whealey apontou que o texto de Miguel é idêntico ao de Jerônimo no ponto mais contencioso ("Ele era o Cristo" aparecendo como "Ele era tido como sendo o Cristo"), estabelecendo a existência de uma variante, já que escritores Latinos e Siríacos não liam uns aos outros na Antiguidade.



[editar] Versão paleoeslavaUma outra e interessante versão do "Testimonium" foi encontrada em cinco fragmentos da "Guerra Judaica", numa tradução para o Paleoeslavo, que remonta aos séculos XI-XII. Ainda que se trate, evidentemente, de uma interpolação, posto que inexistente no original grego da obra, não deixa de ser muito curioso o modo como o autor se vale de passos evangélicos para compor uma história da prisão e condenação de Jesus absolutamente inédita. Eis o texto:



"Apareceu então um homem, se é que podemos chamar-lhe homem. A sua natureza e as atitudes exteriores eram humanas mas a sua aparência e as suas obras eram divinas. Os milagres que realizava eram grandes e surpreendentes. Uns diziam dele ' É o nosso primeiro legislador que ressuscitou dos mortos e dá provas de suas capacidades, operando muitas curas ´. Outros julgavam-no enviado por Deus. Opunha-se em muitas coisas à Lei e não observava o sábado, segundo o costume dos antepassados; todavia, não fazia nada de impuro, nem nenhum trabalho manual, dispondo apenas da palavra. Muitos entre a multidão o seguiam e escutavam seus ensinamentos; os espíritos de muitos se agitavam pensando que, graças a ele, as tribos de Israel se libertariam do jugo romano. Costumava estar, de preferência, em frente da cidade, no monte das Oliveiras. Vendo a sua força e que, com as palavras, fazia tudo o que queria, pediram-lhe para entrar na cidade, massacrar as tropas romanas e Pilatos, e passar a governá-los. Mas ele não lhes dava ouvidos. Mais tarde, os chefes dos hebreus vieram a saber de tudo aquilo, reuniram-se com o Grande Sacerdote e disseram: ´ Somos impotentes e fracos para resistirmos aos romanos, como um arco frouxo. Vamos dizer a Pilatos o que ouvimos e não teremos aborrecimentos´. E foram falar dele a Pilatos. Este enviou homens, mandou matar muitos entre a multidão e prendeu o doutor de milagres. Informou-se melhor sobre ele e vendo que fazia o bem, e não o mal, que não era rico, nem ávido de poder real, libertou-o; de fato, tinha curado a sua mulher, que estava moribunda. E regressado ao local habitual, retomou o cumprimento de suas obras, e novamente um número maior de pessoas se aglomerou em torno dele. Os doutores da Lei, feridos pela inveja, deram trinta talentos a Pilatos, para que o mandasse matar. Este aceitou-os e deu-lhes autoridade para serem eles próprios a fazer o que desejavam. Desse modo, apossaram-se dele e o crucificaram, apesar da lei dos antepassados."



[editar] Outros textos de Josefo sobre Jesus e João Batista[editar] Tiago, irmão de JesusMenos polêmica do que o Testimonium é esta passagem em que Flávio Josefo também cita Jesus, mas sem parecer crer nele como o Messias. Ela aparece já no final das Antiguidades Judaicas, quando Josefo descreveu a situação política da Judeia na década de 60.



"E agora César, tendo ouvido sobre a morte de Festus, enviou Albinus à Judeia, como procurador. Mas o rei privou José do sumo sacerdócio, e outorgou a sucessão desta dignidade ao filho de Ananus [ou Ananias], que também se chamava Ananus. Agora as notícias dizem que este Ananus mais velho provou ser um homem afortunado; porque ele tinha cinco filhos que tinham todos atuado como sumo sacerdote de Deus, e que tinha ele mesmo tido esta dignidade por muito tempo antes, o que nunca tinha acontecido com nenhum outro dos nossos sumos sacerdotes. Mas este Ananus mais jovem, que, como já dissemos, assumiu o sumo sacerdócio, era um homem temperamental e muito insolente; ele era também da seita dos Saduceus, que são muito rígidos ao julgar ofensores, mais do que todos os outros judeus, como já tinhamos dito anteriormente; quando, portanto, Ananus supôs que tinha agora uma boa oportunidade: Festus estava morto, e Albinus estava viajando; assim ele reuniu o sinédrio dos juízes, e trouxe diante dele o irmão de Jesus, o que era chamado Cristo, cujo nome era Tiago e alguns outros; e quando ele formalizou uma acusação contra eles como infratores da lei; ele os entregou para serem apedrejados; mas para aqueles que pareciam ser os mais equânimes entre os cidadãos, e igualmente mais precisos quanto as leis, eles não gostaram do que foi feito; eles também enviaram ao rei (Herodes Agripa II); pedindo que ele ordenasse a Ananus que não agisse assim novamente, porque isto que ele tinha feito não se justificava; alguns deles foram também ao encontro de Albinus, que estava na estrada retornando de Alexandria, e informaram a ele que era ilegal para Ananus reunir o sinédrio sem o seu consentimento. Albinus concordou com eles e escreveu iradamente a Ananus, e o ameaçou dizendo que ele seria punido pelo que havia feito; por causa disso, o rei Agripa tirou o sumo sacerdócio dele, quando ele o tinha exercido por apenas três meses, e fez Jesus, filho de Damneus, sumo sacerdote."



[editar] João BatistaAinda no livro 18 do Antiguidades Judaicas, Josefo descreveu o reinado de Herodes Antipas e informou que este era casado com a filha de Aretas, um rei árabe vizinho com quem já tivera disputas territoriais. Antipas repudia a filha de Aretas para se casar com Herodias, mulher de seu meio-irmão. Valendo-se do pretexto, Aretas faz guerra a Herodes que tem seu exército destruído e a derrota seria certa se não fosse a intervenção romana.



"Mas para alguns judeus a destruição do exército de Herodes pareceu ser vingança divina, e certamente uma justa vingança, pelo tratamento dado a João, de sobrenome Batista. Porque Herodes o tinha condenado à morte, mesmo ele tendo sido um homem bom e tendo exortado os judeus a levar uma vida correta, praticar a justiça para com o próximo e a viver piamente diante de Deus, e fazendo isto se batizar.[...] Quando outros também se juntaram à multidão em torno dele, pelo fato de que eles eram agitados ao máximo pelos seus sermões, Herodes ficou alarmado. Eloqüência com tão grande efeito sobre os homens pode levar a alguma forma de sedição. Porque dava a impressão de que eles eram liderados por João em tudo que faziam. Herodes decidiu então que seria melhor atacar antes.[...] De qualquer forma João, por causa da suspeita de Herodes, foi trazido acorrentado à Machaerus, a fortaleza de que falamos antes, e lá executado, contudo o veredito dos Judeus era de que a destruição que visitou o exército de Herodes era vingança de João, que Deus achou por bem infligir este castigo à Herodes."



 Ver tambémPublius Cornelius Tacitus atesta a existência de cristãos em Roma no tempo de Nero.

Plínio o Novo cita os cristãos do segundo século em uma carta a Trajano

Didaquê é um escrito do primeiro século que também cita Jesus

 Ligações externasObras de Flávio Josefo para baixar em josephus.org

Referências[editar] BibliografiaFlávio Josefo, Seleções de Flávio Josefo, Editora das Américas, 1974, tradução de P. Vicente Pedroso.

Maria Antónia Costa Pereira - REVISTA LUSÓFONA DE CIÊNCIA DAS RELIGIÕES – Ano III, 2004 / n.º 5/6 – 191-199

James Carleton Paget, Some Observations on Josephus and Christianity, Journal of Theological Studies 52.2 (2001) pp. 539–624. Uma resenha sobre todas as teorias relativas, estudiosos e evidências.

Shlomo Pines, An Arabic Version of the Testimonium Flavianum and its Implications, (Jerusalém: Israel Academy of Sciences and Humanities, 1971)

Alice Whealey, Josephus on Jesus: The Testimonium Flavianum Controversy from Late Antiquity to Modern Times, Peter Lang Publishing (2003). Como o TF tem sido visto por séculos.

Ambrogio Donini, "História do Cristianismo", Lisboa, Edições 70, s/d