História[editar | editar código-fonte]Paty do Alferes ou
Pati do Alferes é um
município do
estado do
Rio de Janeiro, no Brasil. Ocupa uma
área de 319,103 km².
Em 1700,
Garcia Rodrigues Pais, filho de
Fernão Dias Paes Leme, o
Caçador de Esmeraldas, abriu o
Caminho Novo ligando as
Minas Gerais e o porto do
Rio de Janeiro. Este caminho passaria, nos anos seguintes, a ser a principal rota de comunicação de escoamento do ouro produzido nas
Minas Gerais e o rota dos imigrantes para o interior, substituindo o antigo caminho, que terminava em
Parati.
Pati do Alferes começou, então, a se desenvolver em ritmo acelerado
no século XVIII a partir da ocupação de terras da sesmaria de Pau
Grande. Viajantes como
Monsenhor Pizarro e
Frei Antonil percorreram o
Caminho Novo no século XVIII e deixaram descrições de uma região que apenas servia de passagem entre o porto do
Rio de Janeiro e as ricas Minas Gerais, com grandes florestas virgens e com índios coroados que por elas perambulavam.
Frei Antonil descreveu sua viagem no livro
Cultura e opulência do Brasil,
datado de 1711, no qual cita a sesmaria de Pau Grande (no atual
distrito de Avelar) como uma roça que principiava a ser desbravada em
plena selva. Muitos sesmeiros logo se agruparam em torno deste primeiro
núcleo.
Acredita-se que o nome
Pati do Alferes venha
da união do nome do posto militar de alferes (no Brasil, equivalente ao posto de segundo-tenente)
ao vocábulo indígena dado a uma palmeira abundante na região - o pati - que começou a se delinear às margens do Caminho Novo.
Ademais, registros históricos apontam para dois alferes de ordenança,
Leonardo Cardoso da Silva e Francisco Tavares (depois capitão), cujas
propriedades viriam a ser conhecidas como
Roça do Alferes. Também havia muitos
patis que davam nome à toda região desde a serra até as margens do
Rio Paraíba do Sul. O nome vem do tupi
árvore que se eleva, designando uma
palmeira da família
Syagrus (
Syagrus pseudococos), também chamada de
palmito-amargoso. Ao longo dos anos, a grafia foi alterada para
pa'ti,
paty e finalmente para
pati. Assim, a antiga
Roça dos Alferes passou a ser chamada de
Pati do Alferes para distinguir-se da localidade de Pati, atual Andrade Pinto, em Vassouras.
O Capitão Francisco Tavares era o dono da fazenda onde se ergueu a
primeira capela da região. O Bispo Antônio de Guadalupe, em uma viagem
em 1726, transformou a localidade em
curato para melhor atender espiritualmente os
cristãos
da região. O Capitão Francisco Tavares doou, depois, o terreno em que
foi erguida a primeira igreja matriz, no ano de 1739, criando-se, assim,
a freguesia de
Nossa Senhora da Conceição do Alferes.
As terras férteis banhadas pelo Ribeirão de Ubá e pelo Rio do Saco primeiro acolheram o plantio da
cana-de-açúcar e a criação de porcos, cuja carne era salgada e vendida no
Rio de Janeiro. Também eram vendidos mantimentos aos viajantes que seguiam pelo
Caminho Novo.
A freguesia de Conceição do Alferes foi elevada ao posto de vila por um alvará expedido pelo rei Dom
João VI
em 4 de setembro de 1820. Entretanto, apesar das fazendas de café cada
vez mais prósperas, o povoado contava com apenas quatro casas. Além
disto, havia uma disputa política entre os dois maiores proprietários da
região, o
capitão-mor Manuel Francisco Xavier, da Fazenda Cachoeira e o sargento-mor, depois padre,
Inácio de Sousa Vernek,
da Fazenda Piedade. A briga familiar, que durou até 1824, fez com que
vários colonos deixassem a região. O primeiro presidente da Câmara
Municipal (equivalente hoje ao cargo de prefeito) foi
Laureano Correia e Castro, futuro Barão de Campo Belo .
O cientista
Auguste de Saint-Hilaire passou pela região em 1823 e a descreveu no livro
Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais,
relatando minuciosamente as construções, os hábitos e as tecnologias
usadas para a manufatura do açúcar nas fazendas e engenhos da região. A
plantação de café substituiu rapidamente a cana-de-açúcar, com intensa
derrubada de florestas virgens. O clima propício, as terras férteis
nunca antes cultivadas, adubadas pelas cinzas das queimadas e a mão de
obra composta na maior parte por escravos africanos jovens foram os
fatores que permitiram a alta produtividade das lavouras de café de Pati
do Alferes no meio do século XIX. Os lucros foram crescentes com o
aumento contínuo do consumo de café na
Europa e nos
Estados Unidos, o que tornou os fazendeiros da região pessoas muito ricas.
Entretanto, o crescimento urbano ocorreu mais acelerado na então freguesia de Nossa Senhora da Conceição de
Vassouras,
na beira da recém-aberta Estrada da Polícia, enquanto que, na vila de
Conceição do Alferes, o crescimento ocorreu na zona rural, dentro dos
limites das grandes fazendas. Considerando tal fato, em 1833, os
vereadores concordaram em transferir a sede da vila para a localidade de
Vassouras
e Conceição do Alferes voltou a ser uma freguesia, embora seus
fazendeiros tenham permanecido atuando ativamente na política local.
O grande crescimento econômico aumentou a necessidade de mão de obra e
intensificou o tráfico de escravos africanos. Em 1838, houve uma fuga
em massa de escravos liderados por
Manuel Congo que espalhou medo entre os fazendeiros. A revolta foi duramente reprimida pela
Guarda Nacional sediada em
Valença e comandada pelo futuro segundo
Barão de Pati do Alferes.
Uma nova Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição foi inaugurada em terra doada pelo
capitão-mor de ordenança
Manuel Francisco Xavier e sua esposa, Dona
Francisca Elisa Xavier, futura Baronesa da Soledade, os mesmos donos da
Fazenda Freguesia, atual
Aldeia de Arcozelo, onde se iniciou a Revolta de
Manuel Congo.
Enriquecida pelas plantações de café, nasceu uma aristocracia rural formada por nobres intimamente ligados à corte, como o
Visconde de Ubá, o
Barão de Capivari, o
Barão de Guaribu, dentre muitos outros.
A riqueza do Ciclo do Café é citada em antigos e importantes relatos
de viajantes, cientistas e estudiosos que passaram por Pati do Alferes
nessa época, como
Charles Ribeyrolles,
Auguste de Saint-Hilaire,
Visconde de Taunay,
José Matoso Maia Forte e
Alberto Lamego.
Estação de Pati do Alferes
cerca de 1930
Com o esgotamento dos solos e sem matas virgens para derrubar, as
plantações de café tornaram-se pouco produtivas. A nobreza rural
empobreceu e emigrou. A região entrou em grande decadência econômica no
final do século XIX. Iniciou-se, então, a pecuária leiteira e produção
de laticínios na região. Imigrantes italianos, alemães e japoneses,
embora em pequeno número, introduziram técnicas agrícolas que
revitalizaram a economia regional.
O excelente clima da região passou a ser conhecido nacionalmente com a propaganda feita grande médico infectologista,
Miguel da Silva Pereira, nos anos de 1930. Muitos turistas procedentes da cidade do
Rio de Janeiro começaram, então, a passar temporadas de verão na região.
A
Fazenda Freguesia, local da revolta de
Manuel Congo, voltou à cena em 1965 quando
Pascoal Carlos Magno ali criou a
Aldeia de Arcozelo.
Emancipada em 1987, Pati do Alferes mantém uma grande produção agrícola como o maior produtor de
tomate do estado do
Rio de Janeiro e o terceiro do
Brasil.
Aldeia de Arcozelo
Entrada para o Museu do Teatro
Era a antiga
Fazenda Freguesia, onde ocorreu a mais importante revolta de escravos da região, liderada por
Manoel Congo. Depois, passou a ser propriedade do
Visconde de Arcozelo.
João Pinheiro Filho, seu último proprietário, doou, em 1958, a
Fazenda Arcozelo para o embaixador
Pascoal Carlos Magno criar um centro permanente de realizações artísticas teatrais.
Atualmente, a
Aldeia de Arcozelo é administrada pela
Fundação Nacional de Arte, do Ministério da Cultura - e aberta à visitação.
A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Pati do Alferes é um
monumento arquitetônico profundamente representativo do mais importante
período histórico da região. Foi tombada em 1973 pelo Instituto de
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Sua construção foi iniciada em 1840, a partir de uma doação de terras e recursos financeiros do
capitão-mor de ordenança
Manuel Francisco Xavier e de sua esposa, Dona
Francisca Elisa Xavier, futura Baronesa da Soledade.
Foi construída em estilo colonial com estruturas em madeira e paredes
frontais de pau a pique. Seu interior é decorado com importantes peças
de mobiliário e ícones, tais como as imagens de Nossa Senhora da
Conceição e de Nossa Senhora do Rosário, ambas do século XIX, que, ainda
hoje, adornam os altares.
Foi inaugurada em 31 de maio de 1844 e era administrada pela
Irmandade de Nossa Senhora da Conceição. A administração por monges
franciscanos começou em 1937.
Frei Aurélio Stulzer, um de seus párocos mais atuantes, realizou
reformas para a comemoração do centenário em 1944. Com a restauração,
foi trazida para a igreja matriz uma imagem de Nossa Senhora da Piedade,
feita no século XVIII, que era padroeira da Fazenda Piedade,
pertencente ao Coronel
Francisco Peixoto de Lacerda Werneck, o segundo Barão de Pati do Alferes. Nesta ocasião, também foram inauguradas a Praça da Matriz e a Galeria dos Fundadores.
A igreja matriz conta ainda com o Espaço Cultural Frei Aurélio
Stulzer, que pode ser visitado aos sábados e domingos das dezesseis às
dezessete horas e trinta minutos.
O Caminho do Imperador, que penetra em plena
Mata Atlântica, é usado por amantes da ecologia para a prática de esportes como caminhadas, cavalgadas ou trilha de bicicletas.
Origina-se de parte do
Caminho Novo de Minas aberto por
Garcia Rodrigues Paes
no início do século XVIII. Um documento de 1810 menciona um caminho que
somente podia ser percorrido a cavalo ou a pé, atravessando a
Mata Atlântica entre Pati do Alferes e Corrego Seco, atual
Petrópolis.
A partir da criação de
Petrópolis
em 1843 e da chegada dos imigrantes alemães em 1845, as autoridades do
governo provincial decidiram transformar o caminho em uma
estrada carroçável. O relatório do presidente da província do
Rio de Janeiro, datado de 5 de maio de 1851, justificava as obras devido à necessidade de suprir a colônia com a produção agrícola
daqueles campos mais férteis e menos acidentados, além de estimular a fabricação de carros e seges (carruagens).
O projeto original passou por diversos governos e inúmeras correções
até que, em 1858, a obra foi concluída sob a orientação do engenheiro
Oto Reimarus, com um percurso de 33 km contados a partir da Estrada do
Contorno.
Charles Ribeyrolles percorreu o Caminho do Imperador logo que este foi aberto e o descreveu em seu livro
Brasil Pitoresco citando
panoramas que são esplêndidas pinturas e
cenários magníficos que dão vistas à Baía da Guanabara. .
D. Pedro II percorreu diversas vezes o caminho cavalgando, surgindo, daí, o nome
Caminho do Imperador.
A produção artística e cultural de Paty do Alferes conta com a
estrutura do Centro Cultural Maestro José Figueira, um dos maiores da
região.
Além da arrojada arquitetura, em suas instalações modernas e
versáteis realizam-se diversos eventos do município: exposições,
apresentações teatrais, cursos, exibição de vídeos etc.
A biblioteca é formada por mais de 40 000 títulos, uma sala
especializada em literatura brasileira e acesso à internet com
monitoramento.
Dentro do complexo, há um teatro com 110 lugares.
O Museu da Cachaça é o primeiro no gênero no país. Seus idealizadores, Íris e Iale Renan, inauguraram o museu em 1991.
Foram necessários anos de pesquisas em bibliotecas e aquisição de
centenas de garrafas compradas em todos os cantos do Brasil para montar
um acervo vasto e peculiar, que é apresentado aos seus visitantes junto
com quadros, coleções de crônicas e artigos, livros especializados,
trovas populares, um antigo mini-alambique, dentre muitos outras
atrações da história da
cachaça.
No Museu da Cachaça, também estão instaladas uma indústria artesanal
de aguardente, duas adegas e um bar para degustação gratuita.
A
malha é um jogo bem difundido entre a comunidade local, sendo realizados diversos torneios. Hoje existem, aproximadamente sessenta jogadores cadastrados no Clube de Malha de Pati do Alferes. As regras utilizadas são um tanto diferentes das do resto do
Brasil e de
Portugal.
A pista da malha tem quarenta metros de comprimento. As malhas usadas
habitualmente pelos jogadores de Pati do Alferes são retangulares com
peso que varia de quinhentas a 2.800 gramas.
A
malha
pode ser jogada individualmente ou em duplas. O jogo consiste em
alcançar o maior número de pontos derrubando os pinos ou se mantendo
dentro de um dos dois círculos concêntricos (o menor com quarenta cm de
diâmetro e o maior com 1,30 cm de diâmetro) onde são colocados os dois
pinos e demarcados na extremidade da pista. Cada pino derrubado equivale
a dez pontos. O jogador, conseguindo colocar a malha no círculo menor,
ganha vinte pontos e, no círculo maior, ganha dez pontos, independente
de derrubar o pino ou não. O somatório das jogadas determina o vencedor e
as partidas são definidas pelo número de pontos, com o máximo de cem
pontos, no torneio de duplas.
A consagração da produção agrícola local ocorre anualmente na semana do feriado de
Corpus Christi com a realização da Festa do Tomate, quando o distrito de Avelar recebe um fluxo médio de 40 000 pessoas por dia.
A festa originou-se de uma semana técnica promovida por técnicos da
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio de Janeiro
(EMATER-RIO) e da
CEASA-RJ
no Mercado Produtor em 1979. O objetivo inicial era apenas o realizar
um encontro de aprimoramento técnico dos produtores rurais de Paty do
Alferes com eventos paralelos de entretenimento.
Dois anos depois, inspirado na Festa da Uva de
Caxias do Sul, no
Rio Grande do Sul,
o evento passou a ser conhecido como Festa do Tomate. Ainda era uma uma
pequena confraternização de produtores e técnicos agrícolas, onde as
grandes atrações eram mágicos e leilões de animais.
No ano da emancipação de Paty do Alferes, 1987, a Festa do Tomate
passou para a administração municipal. Desde então, passaram a ser
contratados artistas de renome para apresentação nos eventos.
Com a inauguração do Parque de Exposição Amaury Monteiro Pullig no
distrito de Avelar, em 1995, a Festa do Tomate tornou-se a maior do
gênero no estado do
Rio de Janeiro.
Além de
shows de artistas famosos, a programação inclui
atividades da área agrícola como o Concurso Leiteiro e de Qualidade do
Tomate, eventos esportivos tais como os Torneios de Vôlei e de Corrida
Rústica, concursos de culinária do tomate e eleição da Rainha da Festa.
O
Brasil possui a maior diversidade de orquídeas e bromélias do mundo.
Pati do Alferes promove anualmente a Exposição de Orquídeas e
Bromélias, onde são apresentadas as variadas espécies cultivadas pelos
produtores de toda a região. Durante a realização do evento, a cidade
recebe uma média de 20 000 visitantes, número este que vem crescendo a
cada ano.
A Expo Orquídeas e Bromélias traz para o município grandes nomes dos orquidários nacionais, juntamente com a apresentação de
shows musicais, praça de alimentação e muito mais.
A Festa do Doce é um festival gastronômico realizada sempre no feriado da Semana Santa.
A festa acolhe mais de 10 000 visitantes ao município para se
deliciarem com uma imensa variedade de produtos feitos artesanalmente.
Outra atração da festa são as apetitosas receitas de geleias, bombons
e conservas, tendo como base a fruta que divulga o município por todo o
país, o tomate, com degustação e venda nos estandes montados na antiga
estação ferroviária.
Na Festa do Doce, são realizadas apresentações de
shows
musicais, com bandas de Pati do Alferes e da região, jogos, brincadeiras
e apresentações teatrais para os maiores admiradores da Festa do Doce:
as crianças.
Notas
Referências